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Espaço de diálogo e socialização das diversas iniciativas realizadas no âmbito de ações e projetos da Universidade Federal do Pará, dando visibilidade aos movimentos de mudança e alargando para novas idéias e laboratórios de criatividade e cidadania. Pretende-se construir um ambiente interativo de partilha, que permita a disseminação de uma cultura da sustentabilidade, economia solidária e responsabilidade social.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Um Código sustentável Israel Klabin Presidente da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS)

As atuais discussões no âmbito do Congresso Nacional para a aprovação do novo Código Florestal não devem ser pautadas por disputas partidárias ou demonstrações de força de um ou outro elo da cadeia política, nem privilegiar a agenda de agentes econômicos. Ao contrário, o debate deve fazer prevalecer uma visão de futuro em relação ao tema da sustentabilidade. Afinal, o formato final do novo Código Florestal é assunto sério demais para ser alvo de quedas de braço que pouco têm a ver com o verdadeiro interesse nacional.
Não faltam razões para que o quadro atual seja visto com preocupação. Um exemplo é o estudo patrocinado pelo Banco Mundial e divulgado pela revista "BioScience" este ano. O trabalho demonstra que se 20% da Amazônia forem atingidos pelo desmatamento a região passará por um processo de desertificação (Efeito Amazon Dieback), especialmente grave no Sul e no Leste da floresta. Nesse contexto, a anistia para crimes de desmatamento proposta pela votação do Código Florestal na Câmara dos Deputados pode ser considerada verdadeira roleta-russa para toda a região, de fundamental importância para o equilíbrio climático do Planeta.
Por isso, é bastante alentador ver a Presidenta Dilma Rousseff sinalizar sua intenção de vetar a chocante proposta de anistia ao desmatamento, que uma vez aprovada funcionaria como senha para o avanço do desmatamento, depois de tantos esforços de diferentes setores da sociedade para frear esse processo nocivo nos últimos anos. A preocupação não poderia ser maior quando se sabe que a região precisa mesmo é de uma movimentação em direção oposta, ou seja, um reflorestamento agressivo capaz de aumentar a margem de segurança e conter o índice de cerca de 18% de área desmatada já atingida (muito perto, portanto, daqueles 20% considerados fronteiros de um estado de desertificação).
Também é essencial regulamentar o controle da exploração da floresta a partir da esfera federal. Permitir aos estados e municípios determinar os limites aceitáveis de desmatamento em seus territórios é uma receita para o desastre. Como a cada dois anos realizam-se eleições para prefeitos ou governadores no País, tal liberdade de decisão em níveis locais significaria abrir espaço para toda sorte de influências resultantes de variáveis políticas capazes de afetar a Floresta Amazônica. Esta deve ser manejada como um sistema integrado, e por isso tratamentos diferenciados exercitados por Estados e Municípios de acordo com suas conveniências transformariam rapidamente a região em um mosaico incontrolável e imprevisível.
O Governo Federal não pode permitir o desmatamento pensando que ampliará e democratizará o acesso à terra, com isso gerando um suposto aumento da produtividade do setor agropecuário. Isso porque o sucesso dessa atividade econômica depende da estabilidade do ecossistema no qual ela está inserida. A tese de que a Lei Florestal é injusta para pequenos agricultores ignora todas as ações do INCRA e da União com relação à política de reforma agrária, que por sinal não permite que assentamentos se instalem em florestas primárias.
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), fundação pública federal vinculada à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, acaba de divulgar estudo que merece atenção. Ele revela que, caso a proposta aprovada pela Câmara dos Deputados seja implementada, implicará em emissões adicionais de uma quantidade entre 18 e 25 bilhões de toneladas de Gases de Efeito Estufa na atmosfera. Esse retrocesso multiplicaria em muitas vezes as emissões atuais do Brasil e nos levaria a romper os compromissos de limites voluntários de emissão aprovados pelo Governo.
A Presidenta Dilma Rousseff será certamente reverenciada em nível internacional se atuar nessa arena de múltiplos interesses de forma a manter a reputação já conquistada pelo País: a de ter um dos melhores sistemas de proteção florestal do Planeta. Não há por que não esperar do Senado brasileiro seriedade e compromisso em relação ao tema, o que significa alterar substancialmente a versão do Código Florestal aprovada pela Câmara dos Deputados. Ao mesmo tempo, não há por que duvidar do papel decisivo que terá na moldagem de uma nova proposta o Senador Jorge Viana, homem cujas raízes repousam na Região Amazônica e cuja serenidade certamente contribuirá para produzir um Código Florestal à altura do Brasil e da relevância alcançada pelo País no cenário global.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Óleo de cozinha vira sabão em Barcarena

Muita gente não sabe, mas para fazer o sabão em barra usado para lavar louça ou roupa, a matéria-prima é o óleo de frituras. No Campus da Universidade do Estado do Pará (Uepa) em Barcarena, o projeto de extensão ‘Reutilização de Óleo de Frituras para a fabricação de Sabão Ecológico’, ensina a comunidade a fabricar o material de limpeza e a diminuir impactos ambientais.

Quando descartado em esgoto comum, o óleo de cozinha, além de gerar mau cheiro, pode causar entupimentos na rede de esgoto. Especialistas garantem que um litro de óleo é capaz de contaminar um milhão de litros de água, exigindo recursos financeiros consideráveis para separá-los.

Na Uepa, o projeto que transforma óleo em sabão começou a ser desenvolvido em 2010, pelos alunos Luciano Ramon Maciel e Emmanuelle Pantoja Silva, que hoje estão no quinto semestre de Ciências Naturais com Habilitação em Química. A ideia surgiu durante a realização da disciplina História da Ciência.

O ‘Reutilização de Óleo de Frituras para a fabricação de Sabão Ecológico’ foi além das salas de aula e conseguiu aprovação na Chamada 2010 do Projeto de Extensão Campus Avançado, desenvolvido pela Pró-Reitoria de Extensão (Proex) da Uepa. Na chamada, os alunos foram beneficiados com uma bolsa de estudo da própria Universidade. A partir daí, o projeto não parou mais de crescer entre a comunidade acadêmica do Baixo Tocantins.

Hoje, o projeto é realizado em comunidades carentes e escolas públicas, e inclui palestras de sensibilização sobre os impactos ambientais das sobras de óleo de fritura doméstica, em pontos comerciais, hotéis, restaurantes e outros estabelecimentos.

O projeto também mostra às comunidades como é possível reaproveitar algo que era descartado para gerar um novo produto e também renda. “Todas as vezes que a gente vai apresentar esse projeto, é uma satisfação. Isso ajuda muito na nossa formação e na das pessoas”, diz a aluna Emmanuelle Pantoja.

Durante um ano de atividades, o projeto já percorreu a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) no município, a Organização Não Governamental Projeto Bola, Futebol e Arte, na Comunidade do Laranjal, e também o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).

Segundo o coordenador do Campus, Alex Otobo, na próxima fase do projeto, prevista para o segundo semestre, a proposta é instalar uma minifábrica de produção de sabão em barra no assentamento dos catadores de lixo na Vila dos Cabanos.

“Estamos em negociação com os proprietários dos hotéis da região, com a Associação dos Barraqueiros da Praia do Caripi, a empresa Alunorte e alguns comerciantes locais. Os hotéis da região, além de fornecerem o óleo bruto, também se responsabilizam em comprar toda a produção do sabão em barra a preço de mercado”, adianta Otobo.

SABÃO EM BARRA - RECEITA (500 ml)

- 250 ml de óleo de fritura usado;

- 50 ml de soda cáustica;

- 50 ml de água;

- 25 ml de desinfetante (pinho);

- 50 ml de álcool.

MODO DE FAZER

- Misture óleo, álcool, água e desinfetante até ficar homogêneo.

- Adicione a soda cáustica lentamente. Mexa por cerca de 20 minutos. Deixe descansar por dois dias e está pronto.

- Use recipiente de vidro.

- Ao manipular a soda cáustica, use luvas, avental, óculos e máscara de proteção.


(Ascom/Uepa)

Fonte : DOL 01/08/11